
O alcoolismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, e não como uma falha de caráter. Trata-se de uma dependência química que afeta o sistema nervoso central e pode exigir intervenção profissional, incluindo a internação.
Abaixo, detalho como identificar a gravidade do problema e como funcionam os processos de internação no Brasil.
1. O que caracteriza o Alcoolismo?
O alcoolismo vai além do “beber muito”; é caracterizado pela incapacidade de controlar o consumo de álcool, independentemente das consequências negativas na saúde, no trabalho ou na vida social.
Sinais de alerta:
- Tolerância: Necessidade de beber quantidades cada vez maiores para sentir o mesmo efeito.
- Abstinência: Sintomas físicos (tremores, suor, ansiedade, náusea) quando se para de beber.
- Perda de controle: Beber por mais tempo ou em maior quantidade do que o planejado.
- Negligência: Deixar de lado responsabilidades ou hobbies em favor da bebida.
2. Quando a internação é necessária?
A internação é indicada quando o tratamento ambulatorial (consultas sem dormir no local) não é suficiente ou quando há risco iminente à vida do paciente ou de terceiros. Ela serve para interromper o ciclo de consumo e tratar a síndrome de abstinência, que pode ser fatal se não for monitorada.
Existem três tipos de internação regulamentadas por lei no Brasil:
A. Internação Voluntária
É a modalidade mais comum e recomendada.
- Como funciona: O próprio paciente reconhece o problema, aceita o tratamento e assina uma declaração de vontade.
- Alta: O paciente pode solicitar a alta a qualquer momento.
B. Internação Involuntária
Ocorre sem o consentimento do paciente. É regulamentada pela Lei 13.840/2019 e pela Lei 10.216/2001.
- Quem solicita: Familiares de sangue, responsáveis legais ou, na falta destes, servidores da área da saúde/assistência social.
- Requisito Obrigatório: É necessário um laudo médico circunstanciado atestando que a pessoa não tem domínio sobre sua condição e precisa de tratamento urgente.
- Regra: A instituição deve comunicar o Ministério Público em até 72 horas sobre a internação para evitar abusos e cárcere privado. O prazo máximo dessa internação costuma ser de 90 dias, visando a desintoxicação.
C. Internação Compulsória
É determinada pela Justiça.
- Como funciona: O juiz expede uma ordem judicial para que o indivíduo seja internado, independentemente da vontade dele ou da família.
- Cenário: Geralmente ocorre em casos extremos, onde há perigo para a sociedade ou incapacidade total de autocuidado, muitas vezes solicitada pelo Ministério Público baseada em laudos médicos.
3. Como funciona o tratamento na clínica?
O tratamento em regime de internação geralmente segue três etapas principais:
- Desintoxicação: A fase mais crítica. O corpo é “limpo” do álcool. Medicamentos são administrados para controlar os sintomas perigosos da abstinência (convulsões, alucinações).
- Reabilitação: Terapias psicológicas (individuais e em grupo) para entender os gatilhos que levam ao consumo e desenvolver novos hábitos.
- Ressocialização: Preparação para a volta ao convívio social, focando na prevenção de recaídas.
Resumo Comparativo das Internações
| Tipo | Consentimento do Paciente | Quem Solicita | Requer Ordem Judicial? |
| Voluntária | Sim | O próprio paciente | Não |
| Involuntária | Não | Família ou responsável (com laudo médico) | Não |
| Compulsória | Não | Juiz / Ministério Público | Sim |
